A OpenAI ajudará o Reino Unido a se tornar uma superpotência em IA

OpenAI ajudará o Reino Unido a se tornar uma superpotência em IA

O Reino Unido e a OpenAI firmaram uma parceria estratégica para aprofundar a colaboração em pesquisas sobre segurança da inteligência artificial e explorar a possibilidade de investimentos na infraestrutura do país. É o que escreve a Reuters.

«A IA será um fator chave nas mudanças que precisamos implementar em todo o país — seja na reforma do Serviço Nacional de Saúde, na remoção de barreiras ao acesso a oportunidades ou na promoção do crescimento económico», afirmou o ministro da tecnologia Peter Kyle.

O governo planejou investir £1 bilhão em infraestrutura computacional para o desenvolvimento da inteligência artificial. As autoridades desejam aumentar a capacidade pública em 20 vezes nos próximos cinco anos.

Luta pela liderança

Os EUA, a China e a Índia estão rapidamente ganhando impulso na corrida da IA, criando pressão sobre a Europa e forçando-a a recuperar o atraso.

A colaboração com a OpenAI implica que Londres estude formas de aplicar a inteligência artificial em áreas como justiça, defesa, segurança e educação.

O chefe da startup Sam Altman elogiou o governo por ser o primeiro a reconhecer o potencial da tecnologia. Trata-se do "Plano de Mudanças" - uma iniciativa do Primeiro-Ministro Keir Starmer, destinada a transformar o Reino Unido em uma superpotência na área da inteligência artificial.

O programa prevê investimentos no desenvolvimento de redes neurais com o objetivo de aumentar a eficiência do setor público, criar "zonas de crescimento de IA" geográficas, bem como apoiar a construção de infraestrutura chave, incluindo centros de dados e clusters de pesquisa científica.

As empresas privadas prometeram investir 17 mil milhões de dólares e criar 13 250 postos de trabalho para a implementação do plano anunciado.

O governo acredita que a implementação do projeto permitirá aumentar a economia do país em £47 bilhões ao longo da próxima década.

A Grã-Bretanha no topo

O Reino Unido consolidou sua posição entre os líderes mundiais em inteligência artificial. O setor de IA do país foi avaliado em cerca de £72,3 bilhões em 2024, colocando o país na terceira posição mundial, atrás dos EUA e da China.

O Estado é o maior mercado de inteligência artificial na Europa: existem mais de 2300 empresas que trabalham com capital de risco na área de IA, e seu valor de mercado combinado atingiu $230 bilhões no primeiro trimestre de 2025.

No país, há oito "unicórnios" de IA ( com avaliação superior a $1 bilhão ). Neste indicador, ele também fica atrás apenas dos EUA (131) e da China (39). A atividade de investimento no setor permanece alta: no primeiro trimestre de 2025, startups britânicas atraíram cerca de $1,03 bilhões em investimentos de risco — um número recorde nos últimos três anos.

Um dos fatores-chave para o sucesso é o rico ecossistema de pesquisas e desenvolvimentos. O Reino Unido possui universidades e centros de pesquisa de classe mundial, como o Instituto Alan Turing, que formam especialistas e conduzem pesquisas avançadas na área de IA. No país, formou-se um poderoso cluster tecnológico em torno de Londres. Ele atrai tanto empresas nacionais quanto estrangeiras: Anthropic, OpenAI e Palantir escolheram a cidade como base para suas sedes europeias.

As tecnologias de IA estão sendo amplamente implantadas em toda a economia: 76% dos líderes das empresas de tecnologia britânicas observam um impacto positivo da IA no crescimento dos negócios, e soluções baseadas em inteligência artificial estão sendo aplicadas em finanças, saúde, cibersegurança, indústria, educação e até mesmo nas indústrias criativas.

Representantes brilhantes

Nos últimos anos, surgiram muitos startups notáveis no Reino Unido na área de IA, alguns dos quais alcançaram sucesso mundial.

DeepMind — o exemplo mais notório. A empresa foi fundada em 2010 em Londres, tornando-se uma das pioneiras na área de aprendizado profundo e inteligência artificial. A firma ganhou fama pela criação de algoritmos capazes de vencer humanos e outras pesquisas inovadoras. Em 2014, a startup foi adquirida pela corporação Google por cerca de $500–600 milhões.

Na área das tecnologias médicas e farmacêuticas destacam-se as empresas BenevolentAI e Exscientia — ambas as startups utilizam IA para a descoberta de novos medicamentos. Elas aplicam algoritmos de aprendizado de máquina para acelerar a pesquisa de medicamentos e já estabeleceram parcerias com empresas farmacêuticas globais.

As empresas britânicas estão a conseguir sucessos significativos na área de sistemas autónomos e robótica. A Wayve — uma empresa londrina, fundada em 2017 por ex-alunos de Cambridge — aplica a abordagem Embodied AI para treinar carros autónomos.

É importante destacar os sucessos das empresas britânicas na área de hardware de inteligência artificial e modelos generativos. A Graphcore — uma startup de Bristol, fundada em 2016 — desenvolveu seus próprios processadores de alto desempenho para IA e atraiu cerca de $700 milhões em investimentos de grandes fundos de capital de risco e empresas.

Outra história de destaque foi a Stability AI - uma empresa londrina criada em 2019 que ganhou notoriedade graças ao modelo Stable Diffusion para geração de imagens a partir de descrições textuais. Ela atraiu $101 milhões em financiamento em 2022 com uma avaliação de $1 bilhão.

No campo da cibersegurança, a Darktrace é a principal referência britânica. Fundada em 2013 por graduados de Cambridge e veteranos de serviços secretos, a empresa implementou IA para detetar ciberameaças e anomalias em redes em tempo real. A empresa cresceu rapidamente para se tornar um jogador global no mercado de ciber-IA e, em 2021, realizou com sucesso um IPO na Bolsa de Valores de Londres.

Hoje, a Darktrace atende milhares de organizações em todo o mundo, oferecendo um sistema que aprende a reconhecer ciberataques por meio de desvios quase imperceptíveis no comportamento do tráfego de rede.

A propósito da militarização

O desenvolvimento da inteligência artificial é uma prioridade fundamental para o governo britânico. Já em setembro de 2021, o país lançou a Estratégia Nacional para Redes Neurais, visando transformar o estado em uma nação global de IA. Nela estão delineadas três áreas-chave: aumentar investimentos em pesquisa, apoiar a implementação em todos os setores da economia e garantir a devida regulamentação e normas éticas no uso das tecnologias.

Em 2022, o Ministério da Defesa lançou uma «Estratégia de IA para a Defesa». O departamento considera a IA como um componente chave das forças armadas do futuro. No recente Relatório de Defesa Estratégica de 2025, a inteligência artificial foi chamada de «componente fundamental da guerra moderna», e a sua integração — uma condição necessária para manter a superioridade operacional.

Se antes a tecnologia no contexto militar era vista como uma ferramenta auxiliar, agora as Forças Armadas britânicas planejam uma transformação em "forças tecnologicamente integradas", onde sistemas de IA devem ser aplicados em todos os níveis — desde a análise de quartel-general até o campo de batalha.

Uma das direções centrais é a utilização de modelos linguísticos para aumentar a velocidade e a qualidade da tomada de decisões. Está planeado implementar o conceito de Vantagem Decisiva, quando as equipas terão a capacidade de processar dados de inteligência e do campo de batalha em tempo real com a ajuda de IA, superando o inimigo em termos de informação.

Nos próximos anos, o Ministério da Defesa pretende criar uma "rede digital de orientação" — um sistema de informação unificado que integra dados de múltiplos sensores (satélites, drones, radares, ciberinteligência, etc.) e que ajuda a identificar e distribuir automaticamente os alvos prioritários entre os diferentes meios de ataque.

Esta rede, apoiada em algoritmos de IA, permitirá a transição de sistemas anteriormente fragmentados para "operações orientadas a dados", onde a decisão de atingir um alvo pode ser tomada em questão de minutos e imediatamente transmitida ao executor — seja ele um municiamento de alta precisão, um drone ou uma arma cibernética.

As forças armadas britânicas estão ativamente desenvolvendo sistemas autônomos e robotizados. Já estão em andamento testes de protótipos de tecnologia não tripulada: desde veículos aéreos de várias classes até drones subaquáticos.

As Forças Aéreas Reais, em cooperação com empresas de defesa, estão desenvolvendo um caça de sexta geração Tempest (, parte do programa Future Combat Air System, FCAS), que está previsto para ser equipado com elementos de inteligência artificial para auxiliar o piloto e controlar um enxame de drones. Da mesma forma, as Forças Terrestres estão testando o conceito "Recce-Strike" — integração de drones de reconhecimento e plataformas terrestres robóticas com meios de ataque, onde a busca e orientação primária são conduzidas por IA.

A Marinha investe em projetos de embarcações autônomas e submarinos: desde pequenas lanchas robotizadas para patrulhar portos até veículos subaquáticos totalmente não tripulados para reconhecimento de minas e vigilância.

Supõe-se que novas grandes plataformas militares (aviões de combate, navios) sejam projetadas com foco em tripulações "híbridas", onde humanos e modelos de linguagem trabalham em estreita colaboração. Por exemplo, a aviação embarcada de futuros porta-aviões deve incluir uma parte significativa de drones (drones de reconhecimento, reabastecedores, UAVs de ataque), controlados por um sistema de IA em coordenação com aviões tripulados.

Na área da cibersegurança e da guerra eletrónica, as redes neurais também estão a ganhar cada vez mais importância. Em 2023, foi criada uma equipa única de guerra eletrónica (RÉB) nas Forças Armadas.

A tarefa da nova estrutura é envolver mais ativamente a inteligência artificial na detecção automática e na prevenção de ciberataques, na proteção de redes militares, bem como na gestão de meios de guerra eletrônica em um ambiente em rápida mudança.

A inteligência artificial pode analisar em tempo real milhões de eventos em redes militares, identificando atividades suspeitas, ou ajudar a configurar interferências e ataques de guerra eletrônica da maneira mais eficaz contra sistemas de comunicação e radares inimigos. Além disso, o Ministério da Defesa pretende usar a tecnologia em operações de guerra da informação — desde o monitoramento de redes sociais para identificar campanhas de desinformação até a criação de simuladores realistas de ciberameaças para treinar o pessoal.

A implementação da IA na defesa ocorre com um olhar atento para os aliados e os valores comuns. O Reino Unido coordena seus esforços com os parceiros da NATO — assim, dentro da Aliança, estão sendo desenvolvidos princípios éticos para o uso da IA nas forças armadas. O Reino Unido foi uma das forças motrizes para sua adoção e em sua estratégia afirma seu compromisso em "manter a segurança, a estabilidade e os valores democráticos" na implementação da tecnologia na defesa.

Por enquanto, são apenas planos

Apesar dos planos abrangentes, observadores independentes apontam que, até agora, o setor de IA de defesa britânico está em uma fase inicial de desenvolvimento e requer esforços significativos para realizar seu potencial.

Em janeiro de 2025, o Comitê de Defesa do Parlamento publicou um relatório intitulado "Desenvolvimento de Potencial e Perícia em IA na Defesa", onde é afirmado: "O Reino Unido tem as capacidades para se tornar o lar de um setor de IA de defesa de primeira linha, mas atualmente este setor está subdesenvolvido e necessita de estímulo por parte do Ministério da Defesa."

O comitê pediu ao departamento para acelerar passos práticos e superar a "lacuna entre a retórica e a realidade". Na opinião deles, a IA ainda é percebida dentro da estrutura militar mais como um experimento, enquanto já provou sua eficácia em conflitos reais (como, por exemplo, o uso da Ucrânia da IA para análise de dados de inteligência e controle de drones).

O governo, em resposta, expressou concordância com essas propostas e destacou que a Revisão Estratégica de Defesa 2025 visa precisamente a inclusão sistemática da IA em todos os aspectos da defesa.

Recordamos que, em novembro de 2024, os especialistas se pronunciaram sobre as perspectivas da aplicação de IA na guerra.

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